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Vazamentos de amônia colocam trabalhadores e comunidade em risco

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Em 2012, um trabalhador da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) sofreu queimaduras por todo o corpo após um acidente na unidade de amônia.

Já em Sergipe, um vazamento de amônia, na Fafen-SE, causou pânico na comunidade vizinha da unidade. Sem serem alertados sobre o problema, os vizinhos foram obrigados a se proteger com toalhas molhadas no nariz para não inalarem o gás. Duas pessoas passaram mal.

Em fevereiro deste ano, um vazamento na tubulação de gás amônia intoxicou nove funcionários da empresa Vale Fertilizantes, em Araxá, Minas Gerais. As vítimas foram atendidas pelo sistema hospitalar da empresa e encaminhadas com dificuldades respiratórias, para hospitais da região.

Mas, afinal, o que todos esses casos têm em comum?

Falta de investimentos em segurança

Os petroquímicos estão no rol de profissões que expõem os trabalhadores a riscos e agentes nocivos à saúde. Na Fafen do Paraná, em Araucária, por exemplo, a categoria trabalha diariamente com os resíduos do petróleo. Esses materiais são transformados em produtos como a amônia (NH3) – um composto químico perigoso usado como agente refrigerante ou fertilizante e com aplicação em diversas indústrias.

Nos três casos relatados, houve algum vazamento na tubulação de amônia. A exposição ao composto pode trazer inúmeros prejuízos à saúde, podendo danificar a pele, as vias respiratórias e os olhos. Em alguns casos, pode provocar irritações, lesões corporais graves ou, até mesmo, levar à morte.

Apesar dos riscos aos quais os trabalhadores ficam expostos, muitas empresas deixam de cumprir com as normas técnicas ou regulamentadoras de segurança. Na Petrobrás, por exemplo, estruturas corroídas, falta de modernização ou investimentos e quadro reduzido de funcionários têm protagonizado uma série de acidentes – que poderiam ser evitados.

Para se ter uma ideia, os vazamentos de amônia, quando pequenos, podem atingir os trabalhadores que operam o sistema. Em casos de grandes vazamentos, a tragédia pode atingir toda a empresa e até mesmo a região circunvizinha da fábrica.

Além do problema da falta de investimentos, muitos trabalhadores desconhecem o poder dos produtos químicos com que trabalham diariamente. A falta de treinamentos para lidar com situações de emergência pode aumentar o impacto de um acidente.

“Nós temos dois problemas. Um é a estrutura precária, que potencializa os riscos de acidentes. O outro é o despreparo dos trabalhadores em casos de vazamento, por exemplo. Isso ocorre porque a empresa não investe em treinamentos aos seus funcionários, colocando em risco a segurança dos trabalhadores e também da comunidade”, critica o diretor do Sindiquímica-PR e secretário de Saúde da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Luiz Castellano.

“Na Fafen-PR, é cada um por si. Não há número suficiente de treinamentos, em muitos grupos não há socorristas. Quando têm, eles estão sem curso de reciclagem, desatualizados. Além disso, a Brigada de Emergência está trabalhando abaixo do quadro mínimo de voluntários. Sim, porque fazer parte da brigada não acarreta nenhum extra ou incentivo salarial”, confirma Castellano.

Consequências para o trabalhador

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o contato com o NH3 pode gerar problemas a curto e a longo prazo. Se inalada, a substância pode queimar a mucosa nasal ou causar problemas pulmonares.

Caso ocorra contato com os olhos, o trabalhador pode sofrer com catarata ou cegueira (temporária ou permanente). Já o contato direto com a pele pode causar, por exemplo, necrose dos tecidos e queimaduras profundas. Conforme as condições do ambiente no qual a substância está, há riscos de incêndio e explosão. Além disso, a exposição a altas concentrações, ainda que por alguns minutos, pode ser fatal.

Vazamentos desse composto também representam um grande perigo aos trabalhadores. Esse é um risco presente na Fafen-PR, pois, além do manuseio dos agentes, os petroquímicos estão sujeitos a enfrentar vazamentos de linhas pressurizadas com poluentes, ureia ou amônia líquida.

Por isso, é fundamental que a direção da Fábrica fique em constante processo de alerta com a estrutura e o pessoal. É preciso fazer a manutenção frequente das linhas e da estrutura para verificar se a vedação está correta ou se há algum risco de vazamento. Fora isso, a Fábrica deve oferecer pessoal qualificado para atuar em casos emergenciais – tanto ações de contenção de acidentes como atendimento à saúde.

No caso da Fafen-PR, a empresa deve entregar a cada trabalhador roupas contra incêndio, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e aparelhos portáteis que detectam a presença dos agentes químicos no ambiente.

Medidas de proteção também devem ser adotadas pela gerência, como o uso de medidores de gás e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e a realização de treinamentos aos funcionários.

Caso a empresa não ofereça as condições essenciais para segurança aos trabalhadores, ela pode ser responsabilizada por negligência ou omissão. Por isso, fique atento às condições de seu local de trabalho e denuncie qualquer irregularidade ao sindicato.

Fonte: Abridor de Latas Comunicação Sindical

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